Mercado de Dados 2.0: O futuro é flexível
Nessa análise, vamos explorar a forma de trabalho do universo dos profissionais de dados, com o objetivo de criar um panorama geral e completo sobre a forma como os profissionais da área trabalham atualmente.
Os dados são da pesquisa State of Data Brasil 2022, o maior e mais completo panorama sobre o mercado de trabalho brasileiro na área de dados. Feita pelo Data Hackers, a maior comunidade de dados do Brasil, junto com a Bain & Company, consultoria global que ajuda empresas e organizações a promover mudanças que definam o futuro dos negócios, a pesquisa foi feita para mapear o mercado de trabalho de dados no Brasil.
Pergunta-chave: “Atualmente, qual é a sua forma de trabalho?”
A pandemia foi responsável pela aceleração da mudança na forma como trabalhamos e esse é um tema ainda muito discutido, com muitos defensores do modelo X ou Y. Todas as formas de trabalho tem seus prós e contras e o objetivo dessa análise aqui não é favorecer um ou outro, mas trazer reflexões baseadas em dados sobre essa mudança que estamos vivendo.
O objetivo dessa análise é mostrar um panorama geral de como está a evolução da forma de trabalho dos profissionais no mercado de dados e ampliar essa lente para o ano de 2022.
Esse objetivo é fundamental para entendermos como o cenário de trabalho em dados está evoluindo e como ele está atualmente com relação a forma de trabalho. A partir das respostas coletadas, poderemos obter informações e insights interessantes entre a forma de trabalho e outras variáveis como demografia e carreiras.
Observação importante: não queremos influenciar as emoções e atitudes do nosso público ou convencê-lo de uma certa perspectiva. Queremos apenas contar como as coisas são, ou pelo menos como parecem ser. E, da mesma maneira que não podemos afirmar que estamos dizendo a verdade absoluta, podemos ao menos tentar ser tão verdadeiros quanto possível.
Evolução da forma de trabalho — comparação entre os anos 2021 e 2022
Como a forma de trabalho está mudando?
- A maioria dos profissionais da área de dados que responderam à pesquisa já estavam trabalhando de forma remota em 2021 e isso se manteve em 2022.
- Em 2022, o modelo híbrido ganhou força. É possível observar que houve uma migração de aproximadamente 10% dos profissionais do modelo remoto para o modelo híbrido de 2021 para 2022.
- O trabalho presencial se manteve estável em aproximadamente 15%.
Como os profissionais gostariam de trabalhar?
- O trabalho presencial em 2022 continua sendo minoria da preferência dos profissionais (menos de 2%), assim como já era em 2021.
- O que mudou de 2021 para 2022 foi o aumento da preferência dos profissionais ao modelo remoto, e proporcional diminuição da preferência ao modelo híbrido.
Dados demográficos
Como a forma de trabalho se relaciona com dados demográficos dos participantes?
Idade e forma de trabalho
Existe alguma tendência entre a faixa etária dos profissionais e a forma de trabalho?
Será que os profissionais mais jovens tendem a trabalhar de formas mais flexíveis?
- Há uma predominância maior na forma remoto/híbrido para todos os grupos de idade.
- O grupo entre 25–34 anos se destaca entre as formas de trabalho mais flexíveis.
- O grupo +55 apesar de também estarem trabalhando mais nas formas flexíveis, lidera a forma presencial.
Gênero e forma de trabalho
Há diferenças significativas nas formas de trabalho entre profissionais de diferentes gêneros?
Pode haver alguma discrepância na forma de trabalho associada ao gênero?
- Não há diferenças significativas na forma de trabalho entre os gêneros.
- Ambos os gêneros estão bem equilibrados e com padrões semelhantes com relação a forma que trabalham.
Localização geográfica e forma de trabalho
A forma de trabalho varia de acordo com a região do Brasil em que os profissionais estão localizados?
Será que em determinadas regiões há mais adoção a alguma forma de trabalho específica?
- As regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste possuem as maiores taxas de trabalho presencial. A taxa de trabalho remoto também é alta, deixando o trabalho híbrido por último no ranking entre as três formas de trabalho.
- As regiões Sul e Sudeste possuem maiores taxas de trabalho flexíveis e taxas menores no trabalho presencial.
- O grupo de profissionais que não residem no Brasil tem comportamento similar às regiões Sul e Sudeste com relação às formas de trabalho.
Nível educacional e forma de trabalho
Profissionais com diferentes níveis educacionais estão trabalhando mais ou menos em alguma forma de trabalho específica?
Pode haver uma relação entre nível de formação e a forma como esses profissionais estão trabalhando?
- Profissionais sem graduação formal tem maior frequência na forma de trabalho presencial.
- Vemos taxas maiores nas formas de trabalho mais flexíveis para os grupos que possuem algum nível de graduação formal.
Dados sobre a carreira
Como a forma de trabalho se relaciona com outros dados sobre carreira?
Tempo de experiência na área de dados e a forma de trabalho
O tempo de experiência na área influencia a forma de trabalho?
Será que profissionais com mais tempo de experiência na área tem mais flexibilidade na forma de trabalho?
- Grande parte dos participantes (45%) são relativamente novos na área de dados com até 2 anos de experiência.
- Os profissionais com até 2 anos de experiência são os que mais tem presença, literalmente, rs, na categoria de trabalho presencial.
Senioridade e a forma de trabalho
Será que profissionais com menor senioridade tendem a ter mais flexibilidade na forma de trabalho?
- Diferente da distribuição de frequencia do tempo de experiência na área de dados, a distribuição de frequência dos níveis de senioridade são bem próximas: aproximadamente 1/3 dos participantes estão em cada grupo de nível de senioridade (júnior, pleno e sênior).
- Contudo, os profissionais Júniors são o grupo mais presente no modelo presencial e os profissionais Sêniors se mostram tendo mais flexibilidade na forma de trabalho, onde apenas 6% deles trabalham de forma presencial.
Situação de trabalho e a forma de trabalho
O profissionais que trabalham no regime CLT tendem a alguma forma de trabalho específica?
O regime CLT apresenta flexibilidade com relação às formas de trabalho?
- A grande maioria dos participantes que está trabalhando, trabalha no regime CLT, representando 71%.
- Quando olhamos para o trabalho presencial, é possível perceber que os profissionais que trabalham no regime CLT tem menor presença, ou seja, conquistaram maior flexibilidade com relação à forma de trabalho quando comparado às outras situações (Freelancers, Servidor Público, Empregado CNPJ, Empreendedor, etc.).
Cargos de gestão e a forma de trabalho
De que forma os gestores da área de dados estão trabalhando?
Gestores tendem a ter mais flexibilidade na forma de trabalho, ou são mais tradicionais?
- A grande maioria dos participantes (80%) não atua em cargos de gestão.
- Os profissionais que ocupam cargos de gestão tem mais presença no modelo híbrido de trabalho e os que não ocupam cargos de gestão tem mais presença no trabalho remoto.
- Os dois grupos tem presença similar no trabalho presencial.
Setores da indústria e a forma de trabalho
Determinados setores da indústria estão trabalhando em alguma forma de trabalho específica?
Será que empresas do setor de TI tendem a adotar mais o trabalho remoto, quando comparadas com empresas de outros setores?
- Menos de 20% dos participantes trabalham em empresas do setor de TI.
- Os profissionais que trabalham em empresas do setor de TI tem forte presença no modelo de trabalho remoto (65%) e pouquíssima presença no modelo de trabalho presencial (5%).
- Já os profissionais que trabalham em outros setores tem maior presença no modelo de trabalho presencial (18%), mas ainda assim tem forte presença nos modelos híbrido e remoto (41% em cada).
Vale ressaltar que existe o setor de TI em empresas de outros setores (Bancos, Varejo, Consultoria, Educação, Marketing, etc.).
Porte das empresas de acordo com número de funcionários e a forma de trabalho
O tamanho das empresas influencia na adoção de alguma forma de trabalho específica?
Será que empresas com maior volume de funcionários tendem a adotar mais o trabalho remoto ou presencial? E as empresas de menor porte?
- Menos de 20% dos participantes trabalham em empresas de até 100 funcionários.
- Empresas com menor número de funcionários tem maior presença no trabalho presencial.
- É possível observar uma tendência das empresas com maior número de funcionários apresentarem maior flexibilidade na forma de trabalho.
Faixa salarial e a forma de trabalho
Os salários dos profissionais da área de dados tem alguma relação com a forma de trabalho?
Profissionais com salários mais altos estão trabalhando mais de forma remota ou presencial?
- Mais de 50% dos participantes recebem até R$8mil/mês.
- Profissionais com salários mais altos (> R$8mil) tem pouca tendência a trabalharem de forma presencial.
- Profissionais com salários mais baixos (<= R$4mil) tem presença similar nas três formas de trabalho (remoto, híbrido e presencial) e vai na contramão do mercado que está se mostrando mais flexível.
Conclusão
Ficou evidente que a flexibilidade é a palavra de ordem para o futuro do mercado de dados. O cenário mostra que as formas de trabalho remoto e híbrido vieram para ficar, impulsionados pelas transformações aceleradas pela pandemia, pela tecnologia e pela visão dos profissionais.
As formas mais flexíveis já eram uma realidade para a maioria dos profissionais em 2021 e continuou em 2022. Além disso, observamos o crescimento do modelo híbrido, que combina o trabalho presencial com o remoto de forma flexível.
Essa mudança nas formas de trabalho não está restrita a uma faixa etária específica, gênero ou localização geográfica. É um fenômeno generalizado, impulsionado pela tecnologia, pela busca de maior qualidade de vida e por novas visões sobre a produtividade e a colaboração. Essa busca pela qualidade de vida, ficou evidente quando comparamos a forma ideal de trabalho para os profissionais! A maioria continua preferindo os modelos mais flexíveis e vem ganhando força em 2022.
Enquanto os profissionais mais jovens demonstraram maior afinidade com modelos de trabalho flexíveis, os mais experientes também aderiram a essa tendência, de certa forma. Isso indica que a transformação não se limita apenas a uma geração, mas é adotada por todos que buscam adaptar-se às novas demandas do mundo moderno.
Em meio a essa dinâmica, as empresas têm papel fundamental na promoção de culturas organizacionais abertas à flexibilidade. Setores como o de TI se destacaram na adoção do trabalho remoto, mas as oportunidades para modelos flexíveis estão presentes em diversos segmentos.
Aqueles que ocupam cargos de gestão também encontraram espaço para a flexibilidade, contribuindo para a criação de ambientes mais equilibrados e produtivos. Esses profissionais tem grande importância na consolidação dessa flexibilidade no mercado de trabalho.
Percebemos também maior presença na forma de trabalho presencial de profissionais com menor nível de graduação ou menor tempo de experiência ou que recebem menores salários. Isso pode indicar uma fragilidade desses grupos, que se mostram mais vulneráveis ao mercado de trabalho.
Pelo que vimos, adotar a flexibilidade e a abertura para novas formas de atuação é estar alinhado com o futuro e com as demandas de um mercado em constante evolução. À medida que olhamos para o panorama amplo e completo que traçamos neste projeto, somos inspirados a sermos agentes ativos dessa transformação.
Que este estudo possa impulsionar mudanças positivas, novas estratégias e uma mentalidade aberta para o futuro do trabalho de dados, respeitando as decisões e preferências de cada um. Acreditamos que, juntos, podemos construir um ambiente mais colaborativo, produtivo e repleto de oportunidades para todos os profissionais do universo dos dados e servir de inspiração para todos os outros universos fora da área de dados e tecnologia também!
Sejamos protagonistas da revolução do mercado de dados 2.0, onde a flexibilidade é a chave que nos levará a alcançar novos patamares de sucesso, inovação e qualidade de vida.
Mãos à obra, é hora de navegar pelas águas da transformação e construir um futuro brilhante para o mercado de dados e de tecnologia!
Obrigada por nos acompanhar nessa análise! O que você achou?
Você pode encontrar todo o código dessa análise no kaggle.
Os dados usados para essa análise foram disponibilizados pelo Data Hackers.